
FELIZ ANO VELHO - MARCELO RUBENS PAIVA
.
Trechos do Livro :
14 DE DEZEMBRO DE 1979
17 HORAS
SOL EM CONJUNÇÃO COM NETUNO
E EM OPOSIÇÃO A VÊNUS
14 DE DEZEMBRO DE 1979
17 HORAS
SOL EM CONJUNÇÃO COM NETUNO
E EM OPOSIÇÃO A VÊNUS
Subi numa pedra e gritei:
— Aí, Gregor, vou descobrir o tesouro que você escondeu aqui embaixo, seu milionário disfarçado.
Pulei com a pose do Tio Patinhas, bati a cabeça no chão e foi aí que ouvi a melodia: biiiiiiin.
Estava debaixo d’água, não mexia os braços nem as pernas, somente via a água barrenta e ouvia: biiiiiiin. Acabara toda a loucura, baixou o santo e me deu um estado total de lucidez:
“Estou morrendo afogado.” Mantive a calma, prendi a respiração, sabendo que ia precisar dela para boiar e agüentar até que alguém percebesse e me tirasse dali. “Calma, cara, tente pensar em alguma coisa.” Lembrei que sempre tivera curiosidade em saber como eram os cinco segundos antes da morte, aqueles em que o bandido com vinte balas no corpo suspira..."
Belíssima história. O autor ainda adolescente nos mostrou que apesar de todas as consequências que a vida pode nos apresentar, apesar de todas as suas surpresas, é maravilhoso vivê-la intensamente!
.
BIOGRAFIA
.
Marcelo Rubens Paiva, nascido em 1959, é escritor, dramaturgo e colunista de O Estado de S. Paulo. Como escritor, já publicou Feliz ano velho (vencedor do Jabuti, em 1982), Blecaute, Bala na agulha, entre outros. Como jornalista, por muitos anos foi colaborador da Folha de S. Paulo, além de ter desenvolvido uma trajetória como autor de peças de teatro durante oito anos, em que se destacam as peças E aí, comeu? e a adaptação para os palcos de As mentiras que os homens contam.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário